Como os grupos sociais formam a nossa identidade?
A construção da identidade sempre foi um processo social, uma vez que o homem tem sido fortemente influenciado pelos outros ao seu redor. Os grupos sociais são, neste sentido, fontes de aspectos intrínsecos à subjectividade e posteriormente à identidade do homem.
Uma vez mais, solidifica-se a ideia de que o homem é um ser social que precisa do outro para seu desenvolvimento. Este artigo pretende mostrar como os grupos sociais são fundamentais para a construção da identidade do homem.
Subjectividade e identidade
Compreende-se que o homem é um aglomerado de experiências e crenças que se formam ao longo da sua vida em sociedade.
Aquilo que o homem colhe no percurso de uma vida – suas ideias, suas experiências, suas crenças, suas visões de mundo e tudo mais intrínseco à sua pessoalidade – é o que constitui sua subjectividade.
Neste ponto, o homem é um ser subjectivo pois apresenta-se singular no mundo; e essa singularidade encontra a singularidade dos outros.
Identidade
A identidade é definida como um conjunto de aspectos subjectivos oriundos da cultura, ou colhidos na convivência, que fazem do homem aquilo que ele é.
Desta forma, o homem é, em grande medida, influenciado pelas pessoas que constituem seu grupo social; entendendo-se por grupo social como as divisões da sociedade que revelam a diversidade cultural, étnica, linguística e social.
Família
O primeiro grupo social no qual o homem ingressa é a família. É na família onde o homem apresenta-se, pela primeira vez, ao mundo; é neste grupo onde as primeiras crenças e as primeiras visões de mundo são formadas.
Ao lado dos pais e dos irmãos, a criança aprende a falar, a vestir e vive suas primeiras experiências de vida. Com o passar dos anos, a criança adquire um espírito de pertencimento e passa a identificar-se com as pessoas em sua casa.
Nota-se logo que a família é o primeiro grupo social com o qual o homem tem contacto. É também através deste grupo que o homem dá os primeiros passos para o mundo.
A família prepara a criança para o encontro com outros grupos sociais. Cada família possui seus costumes, suas crenças e suas visões de mundo. Ora, toda criança tende a encontrar outras crianças nos lugares por onde ela passa; e as crianças que encontra pertencem, do mesmo modo, a outras famílias com costumes, crenças e visões de mundo diferentes das dela.
Observa-se neste sentido que a família institui-se como fonte da identidade de cada indivíduo na sociedade.
Construção da identidade
Como vimos, a família desempenha a função primordial na construção da identidade. Porém, a construção da identidade ou dos aspectos subjectivos de um indivíduo, não depende só da família, mas depende também dos aspectos culturais que o homem adquire de outros grupos no decorrer da sua vida, ou seja, quando o homem atinge uma idade adulta, é obrigado a desassociar-se da sua família de origem para construir também uma família.
Ora, a união de duas pessoas é, ao mesmo tempo, a união de duas culturas. Nos tempos actuais, duas pessoas da mesma família não podem unir-se para constituírem uma outra família, o que acontece é que pessoas de famílias diferentes unam-se para juntos formarem uma nova família.
Esta nova família a ser formada será a união de duas famílias e consequentemente de duas culturas diferentes. Atendendo à diversidade cultural, o homem desta união virá de uma família com costumes diferentes da mulher com a qual quer unir-se.
Logo, haverá uma união entre a cultura do homem e da mulher que resultará em uma nova cultura; e esta nova cultura, este novo costume oriundo da união dos dois, será manifestada no filho ou filha que eles virão a gerar.
Do mesmo modo, este filho gerado pelos dois, quando se tornar adulto, será, assim comos seus pais, submetido a juntar-se com outra mulher de cultura diferente com a qual constituirá também uma família.
Escola
Além da família, o homem encontra outros grupos diferentes dele.
A criança é colocada na escola pelos pais, onde encontra outras crianças vindas de famílias ou grupos diferentes, com cultuas e costumes diferentes; e a criança é submetida a se adaptar a estes grupos.
Pode-se observar que a escolha da escola da criança depende dos pais; neste sentido, são eles quem decidem o tipo de grupo com o qual a criança terá que fazer contacto para a construção das bases da sua identidade.
É na escola onde começa uma nova fase da vida da criança. Nesta fase, a criança vai se apercebendo que existem outras crianças diferentes dela.
A criança percebe ainda que suas crenças e suas visões de mundo, ensinadas pelos pais, nem sempre são iguais às crenças e visões de mundo das outras crianças ao seu redor.
Com o passar dos anos, a criança, agora adolescente, começa a duvidar e a questionar as ideias ensinadas pelos pais. É neste momento que o adolescente, agora adulto, começa a agregar, dentro de si, novas ideias, novas crenças e novas visões de mundo que constituem sua subjectividade e que o diferenciam dos demais.
Estes aspectos singulares ou subjectivos são os que mais tarde formarão sua identidade.
Outros grupos
Além da família e da escola, o homem ingressa em outros grupos socias, como a igreja, a faculdade e o local de trabalho. Além disso, convive com diferentes pessoas na rua, no restaurante, nas festas, nos encontros com os amigos, nas sentadas familiares e nas actividades sociais.
Com estes encontros o homem começa a descobrir que, assim como ele, todas as outras pessoas possuem próprias crenças e visões de mundo.
Com isso, passa a refletir sobre suas crenças, seus valores e suas visões de mundo, chegando muitas vezes a moldá-los de acordo a um grupo especifico que encontra ao longo da sua jornada.
Pode-se assim notar que o homem é um ser em construção. Suas interacções com outros grupos sociais influenciam sua maneira de pensar, de ser e de agir; e as percepções que o homem adquire nestas interacções com outros grupos sociais são fundamentais para a construção da sua identidade.
A identidade, neste sentido, apresenta-se como um conjunto de aspectos intrínsecos ao ser ou como um conjunto de aspectos subjectivos ao homem, aspectos estes que revelam sua forma de entender o mundo e que moldam seu comportamento.
Por: David Lutango
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