Afinal, o que é paixão?

 

    Acredita-se que todo amor começa com uma paixão. A paixão seria, então, a primeira condição para que o amor aconteça.

    Ao nascermos, por exemplo, surge em nós a paixão pelos nossos pais; e à medida que nos damos conta da realidade, começamos a amá-los; assim também, os pais adquirem a paixão pelo filho que acaba de vir ao mundo para depois desenvolverem o amor incondicional por ele. 

    É neste sentido que muitos pais acabam por abandonar ou desprezar seus filhos quando a paixão se esgota, pois não chegam a desenvolver o amor por eles. O mesmo acontece nos relacionamentos afetivos entre duas ou mais pessoas. Quando não se desenvolve amor, acabamos por nos frustrar. 

    A paixão por si só é garantia da própria destruição, mas quando se desenvolve amor, a paixão amadurece e este amor se constrói.

    Para saber mais sobre o amor, leia o nosso artigo sobre o que é amor. Aproveite ler também o nosso artigo sobre a diferença entre amor e paixão.

A paixão

    A paixão é vista como cega, descontrolada, intensa, de grande intensidade emocional. 

    A paixão é definida como a suspenção temporária do juízo, uma vez que ela nos incita a buscarmos incessantemente a pessoa amada, o que muitas vezes nos leva a desenvolvermos um comportamento obsessivo-compulsivo e a cometermos loucuras para estarmos perto da pessoa.

    Podemos dizer que a paixão é intrínseca ao ser humano, pois nos apaixonamos o tempo todo. 

    Vale recordar que não nos apaixonamos exclusivamente por uma pessoa, mas também por uma música, por uma disciplina, por um trabalho, por um objecto, por um momento, por um computador, por um gato ou até mesmo por um chimpanzé; é neste sentido que a paixão é intrínseca ao ser humano, isto é, a condição de apaixonar-se está inscrita na natureza humana e não há como escapar dela.

    Aristóteles, na sua obra Ética à Nicômaco, esclarece que o homem não é responsável pela condição de ter ou não ter afeto, uma vez que esta condição lhe é imposta pela sua natureza, mas que é responsável pelas influências que esta condição pode causar em suas acções. 

Ora, sabendo que a paixão lhe é natural, tudo o que o homem pode fazer é discipliná-la. O homem virtuoso, então, seria aquele que consegue controlar e aprimorar a sua paixão, ao ponto de não ser dominado por ela.

    Ademais, a paixão se exprime no primeiro contacto com o objecto amado ou com a pessoa amada, ou ainda, é o estágio que precede o amor. É o momento em que somos atraídos pela pessoa amada, o momento em que nos apaixonamos. 

    É um estado de intenso desejo e atracção pela pessoa, o que pode motivar um comportamento obsessivo-compulsivo, fazendo-nos, o tempo todo, pensar e querer estar com a pessoa amada. Isto pode despertar também sentimentos negativos, como ansiedade, angústia, desespero e indiferença.

    A paixão se justifica também no famoso “amor à primeira vista”, isto é, o desejo ou a atracção que sentimos pela pessoa na primeira vez que a vimos. Ora, neste sentido, a expressão ideal seria “paixão à primeira vista”, uma vez que não é amor o que sentimos à primeira vista, mas a paixão, o desejo.

    Em suma, a paixão se exprime como um sentimento que sentimos pela pessoa no primeiro momento que fazemos contacto com ela, despertando desejo, pensamentos obsessivos pela pessoa e vontade compulsiva de estar com ela.

 

 

Por: David Lutango