Você sabe a diferença entre o amor e a paixão?
O amor é um tema de grande valor na sociedade e sempre encontrou maneiras de se expressar, servindo como cartaz nos grandes espaços públicos de todo o mundo.
A literatura, por exemplo, sobretudo dos tempos clássicos, assim como a escultura, a pintura, a música, o teatro, o cinema, e outras manifestações artísticas, sempre viram no amor um alento imprescindível, cujo simbolismo é inspirador de grandes feitos humanos nos vários domínios da arte, da ciência, da filosofia e da religião.
Para saber mais sobre o amor, leia o nosso artigo sobre o que é amor. Neste artigo, iremos explicar as diferenças entre o amor e a paixão.
Vale dizer que o amor é muitas vezes concebido como uma espécie de “pós-paixão”, ou seja, um estágio mais amadurecido que procede a paixão, exprimindo-se num sentimento de maior intimidade afetiva, de confiança, de segurança e de compromisso entre pessoas que, inicialmente, nutriam paixão umas pelas outras e que agora cultivam o amor.
Para uma melhor compreensão da distinção destes dois conceitos, recorremos à explicação dada por Elaine Hatfield, na sua obra Amor apaixonado e compassivo, que distingue o amor da paixão, dividindo-os em dois estágios: amor-apaixonado (paixão) e amor-companheiro (amor).
Amor-apaixonado ou paixão
O amor-apaixonado, ou simplesmente paixão, se exprime no primeiro contacto com o objecto, ou ainda, é o estágio que precede o amor. É o momento em que somos atraídos pela pessoa amada, o momento em que nos apaixonamos. É caracterizado como um estado de intenso desejo de união com a outra pessoa.
Neste estágio, desenvolve-se um comportamento obsessivo-compulsivo quando se está afastado da pessoa, isto é, os pensamentos sobre a pessoa se tornam muito frequentes e a vontade de vê-la se intensifica.
Na paixão se sente também uma ansiedade dolorida que se exprime em vazio, inseguridade, desespero e medo de perder a pessoa. Isto faz com que a pessoa apaixonada experimente uma variedade de emoções fortes, tanto negativas quanto positivas.
O amor-apaixonado (paixão) engloba também o famoso “amor à primeira vista”, o desejo ou a atracção que sentimos pela pessoa na primeira vez que a vimos. Ora, a expressão ideal seria “paixão à primeira vista”, uma vez que não é amor o que sentimos à primeira vista, mas a paixão, o desejo.
Assim, a paixão pode, na maior parte dos casos, acabar ou, no menor dos casos, evoluir para amor-companheiro (amor).
Amor-companheiro ou amor
O amor-companheiro, ou simplesmente amor, se exprime como um amadurecimento do amor-apaixonado, ou ainda, como um estágio mais maduro que procede a paixão.
É o momento do compromisso, em que decidimos criar laços mais íntimos com a pessoa e juntos partilharmos e explorarmos as fraquezas, as fortalezas, os medos, as aspirações, as semelhanças e as diferenças um do outro. Neste estágio, a paixão evolui para amor.
Diferente da paixão, o amor não é obsessivo, nem compulsivo, mas equilibrado e moderado. Não é impulsivo, nem descuidado, mas ajuizado e maduro. Não é presa exclusiva do desejo, da impetuosidade e da paixão, mas também do compromisso, da disciplina e do amor.
É no amor onde não mais sofremos com a ansiedade, com o vazio, com a insegurança, com o desespero, nem com o medo de perder a pessoa amada, pelo contrário.
No amor passamos a conhecer a outra pessoa e com ela nos comprometemos em cuidar e buscar o companheirismo, a fidelidade, a confiança, o carinho e o bem-estar um do outro.
De uma maneira geral, a paixão é a primeira aproximação que temos com a pessoa amada, onde a incerteza se faz presente, bem como outras inseguranças, fazendo-nos desejar a pessoa de uma maneira obsessiva e compulsiva.
Por outro lado, o amor é uma espécie de pós-paixão, um estágio mais evoluído das relações afetivas, ou seja, é o amadurecimento da paixão, onde sentimos um total companheirismo pela pessoa amada, sem medo ou insegurança, pelo contrário, no amor surge o compromisso e, consequentemente, a confiança, a segurança, o cuidado e a preocupação pelo bem-estar um do outro.
Por: David Lutango
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Fonte:
Hatfield, Elaine. (1988) Passionate and companionate love. In: Sternberg, Robert J.; Barnes, Michael L. (orgs.). The Psychology of Love. New Haven: Yale University.
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