O nossa cultura é um contrato social?


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    O contrato social é visto no mundo das relações humanas. Inclusive, podemos tomar o amor como um contrato entre duas ou mais pessoas, onde se estabelecem regras e parâmetros de como o relacionamento deve ser levado. 

    O contrato é feito em troca de segurança, resultando em leis que favorecem o convívio sadio. Neste artigo, iremos explicar como o contrato social se estabelece no meio social.

O Contrato Social

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    O contrato social foi uma proposta atribuída pelo filósofo e teórico político Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que se baseia num contrato entre os indivíduos de modo a construírem uma sociedade justa, o que só pode ser possível mediante ao Estado que protege os direitos dos indivíduos, ou seja, mediante a um contrato. 

    Rousseau defendia que o homem nascera bom, porém, fora corrompido pela sociedade; mais especificamente, o desenvolvimento da arte, da ciência e o advento da civilização, trouxeram a corrupção entre os homens. 

    Ora, Rousseau acrescenta que, antes da civilização, o homem vivia em profunda conexão com a natureza com os outros ao seu redor, o que justificava a presença da harmonia entre todos e que, a partir do momento em que um deles, tendo cercado um terreno, levantou a mão e gritou “isso é meu”, é que surgiu então a propriedade privada e consequente afastamento entre os homens, resultando assim na apropriação de terras, na exploração de mão-de-obra, na luta de todos e consequentes conflitos entre os homens.

    Com o passar dos tempos, os valores foram se perdendo. A justiça favorecia apenas uma parte (a elite), surgindo assim a desigualdade entre os homens. Ora, a necessidade de se resgatar a justiça e a harmonia entre os homens era u aspecto a ser atendido. 

    É a partir daí que Rousseau propôs o contrato social, uma espécie de construção social, onde os indivíduos discutiriam sobre como queriam viver, favorecendo não apenas uma parte da sociedade, mas todas as partes, de modo a tornarem possível a justiça que desaparecera na corrupção do homem.

O contrato no meio social

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    É importante realçar que este contrato nas relações é, na sua maior parte, inconsciente, afinal, ninguém entra num relacionamento com um papel onde são apontadas as cláusulas do contrato da relação, porém, isto não elimina o facto de existir um contrato. 

    Por outro lado, os contratos nos relacionamentos também podem ser conscientes. São muitos os casais que antes de embarcarem numa relação amorosa, discutem quais devem ser seus limites dentro do relacionamento, o que nos leva a constatar que a Ética, a discussão da melhor forma de viver, não limita-se apenas à cidade como um todo, mas que acontece também nos relacionamentos conjugais.

    Observamos assim que estamos o tempo todo a fazer contratos nos nossos relacionamentos afetivos, embora, muitas vezes, não estejamos conscientes disso. Nossa pretensão, ao entrarmos num relacionamento, é que o outro corresponda seu amor e sua amizade e que nós correspondamos também o amor e a amizade que o outro nos dá. 

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    Ora, estabelecer parâmetros de convivência pode ser um bom caminho para as nossas relações, sobretudo nas relações conjugais. Conversar com a pessoa amada sobre como queremos conviver é sempre fundamental para que se construa uma relação mais sólida e harmoniosa. 

    Estabelecer limites previne eventuais decepções, eventuais tristezas e eventuais traições dentro da relação, uma vez que já se conhece quando baixar o desejo da loucura e quando levantá-lo, o que chega, de certa maneira, a tornar nossos relacionamentos mais saudáveis.

    Neste sentido, percebe-se que os contractos não são feitos apenas em locais de trabalho ou em ambientes corporativos, mas que são feitos também nos nossos relacionamentos com os outros, mesmo que muitas vezes não estejamos conscientes disso. Todavia, os contractos acontecem. 

    Estar consciente disso é fundamental na hora de se discutir sobre a melhor maneira de viver, o que torna os relacionamentos mais saudáveis e alegres.

 

 

Por: David Lutango

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Fontes:

Rousseau, Jean-Jacques. (1754). Discurso sobre a origem da desigualdade. eBookBrasil. [PDF].

Rousseau, Jean-Jacques. (1762). Do Contrato Social. eBookBrasil. [PDF].

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