O que os povos africanos acreditam sobre a morte?

 

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    Como podemos constatar, muitas das práticas de feitiçaria envolvem a comunicação com espíritos ou com personalidades do passado.  

    É neste sentido que muitas personalidades místicas, como os adivinhos, são procuradas por pessoas que tenham a pretensão de se comunicarem com seus entes queridos mortos. 

    Ora, podemos assim observar o quanto a morte é um aspecto de grande significação para os grupos étnicos angolanos. 

    Pode-se dizer que para a grande maioria destes grupos, a morte é encarada como um aspecto intrínseco à vida como qualquer outro aspecto, daí que as cerimónias fúnebres, ou rituais feitos por alguns povos em volta dos seus mortos, carregam um profundo sentimento de conexão com a pessoa morta, isto de modo a justificar a continuação da pessoa em suas vidas, mesmo que só em espírito.

A morte é encarada como uma parte da vida e, ao mesmo tempo, como possibilidade de resgatar a estrutura da família, podendo junta-se com os membros da família já mortos.

Importa dizer que muitos mortos são também considerados protectores dos que ainda não encararam a morte, daqueles que ficam. 

    De qualquer maneira, esses grupos acreditam que a morte não é o fim, mas o começo de uma nova forma de vida, daí o contacto com seus mortos que falam através dos adivinhos e de outras personalidades místicas legitimadas, uma vez que, antes da invasão portuguesa, os povos de Angola consideravam a morte como um caminho para se alcançar a ancestralidade (uma existência pós morte). 

Ancestralidade

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https://nyctaluznoctula.blogspot.com/2012/12/ancestral-local.html?m=1


    Segundo a concepção africana, podemos entender a ancestralidade como a possibilidade que os mortos têm de se comunicar com a família e com as pessoas próximas que tinha enquanto esteve vivo, podendo até protegê-las nas suas aflições. 

    O ancestral é encarado assim como um antepassado que continua vivo no espírito das várias gerações que surgem.

    Estes povos acreditam que o conhecimento vem sempre dos mais velhos, daí que os idosos e os ancestrais destes povos são tomados como personalidades de destaque e respeito. 

    Para eles, não há uma figura de deus ou deuses; acreditam que a relação mística só é possível mediante ao culto aos antepassados ou ancestrais. 

    Os rituais são celebrados ao redor de uma fogueira, onde pedem ajuda e protecção aos antepassados.

    Nestes povos, a morte é encarada como uma parte da vida e a comunicação com os mortos é vista como possibilidade de resgatar a estrutura da família, juntando-se com seus ancestrais (mortos) que já se foram (morreram). 

    É neste sentido que muitas pessoas, ao morrerem, se tornam protectoras das pessoas que ficam. 

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    Assim, a morte é um aspecto de grande significação para os grupos étnicos de África. 

    Pode-se dizer que para a grande maioria destes grupos, a morte é encarada como um aspecto intrínseco à vida como qualquer outro aspecto, daí que as cerimônias fúnebres, ou rituais feitos por alguns povos em volta dos seus mortos, carregam um profundo sentimento de conexão com a pessoa morta, isto de modo a justificar a continuação da pessoa em suas vidas, mesmo que só em espírito.

    De uma maneira geral, esses grupos acreditam que a morte não é o fim, mas o começo de uma nova forma de vida, daí o contacto com seus mortos que falam através dos adivinhos e de outras personalidades místicas que têm a legitimidade de contactarem o além-mundo.

 

 Por: David Lutango

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Fontes:

Sissimo, L. M. (2018). Análise da narratica de dois adolescentes angolanos acursados de feitiçaria. (Tese de Mestrado). Instituto das Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA).

Miguel, P. F. (1997). KIMBANDA. Guaritori e salute tra i bantu dell’Africa nera. Itália: Edistampa/Nuova Specie, Bari.

Montecúccolo, J. A. C. de. (1965). Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola (v. 2). Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar.

Milando, J. (2013). Desenvolvimento e resiliência social em África: Dinâmicas rurais de Cabinda-Angola. Luanda, Mayamba Editora; Imprensa Nacional de Angola.

 

 

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