O que os povos africanos acreditam sobre a morte?
Como podemos constatar, muitas das práticas de feitiçaria envolvem a comunicação com espíritos ou com personalidades do passado.
É neste sentido que muitas personalidades místicas, como os adivinhos, são procuradas por pessoas que tenham a pretensão de se comunicarem com seus entes queridos mortos.
Ora, podemos assim observar o quanto a morte é um aspecto de grande significação para os grupos étnicos angolanos.
Pode-se dizer que para a grande maioria destes grupos, a morte é encarada como um aspecto intrínseco à vida como qualquer outro aspecto, daí que as cerimónias fúnebres, ou rituais feitos por alguns povos em volta dos seus mortos, carregam um profundo sentimento de conexão com a pessoa morta, isto de modo a justificar a continuação da pessoa em suas vidas, mesmo que só em espírito.
A morte é encarada como uma parte da vida e, ao mesmo tempo, como possibilidade de resgatar a estrutura da família, podendo junta-se com os membros da família já mortos.
Importa dizer que muitos mortos são também considerados protectores dos que ainda não encararam a morte, daqueles que ficam.
De qualquer maneira, esses grupos acreditam que a morte não é o fim, mas o começo de uma nova forma de vida, daí o contacto com seus mortos que falam através dos adivinhos e de outras personalidades místicas legitimadas, uma vez que, antes da invasão portuguesa, os povos de Angola consideravam a morte como um caminho para se alcançar a ancestralidade (uma existência pós morte).
Ancestralidade
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Segundo a concepção africana, podemos entender a ancestralidade como a possibilidade que os mortos têm de se comunicar com a família e com as pessoas próximas que tinha enquanto esteve vivo, podendo até protegê-las nas suas aflições.
O ancestral é encarado assim como um antepassado que continua vivo no espírito das várias gerações que surgem.
Estes povos acreditam que o conhecimento vem sempre dos mais velhos, daí que os idosos e os ancestrais destes povos são tomados como personalidades de destaque e respeito.
Para eles, não há uma figura de deus ou deuses; acreditam que a relação mística só é possível mediante ao culto aos antepassados ou ancestrais.
Os rituais são celebrados ao redor de uma fogueira, onde pedem ajuda e protecção aos antepassados.
Nestes povos, a morte é encarada como uma parte da vida e a comunicação com os mortos é vista como possibilidade de resgatar a estrutura da família, juntando-se com seus ancestrais (mortos) que já se foram (morreram).
É neste sentido que muitas pessoas, ao morrerem, se tornam protectoras das pessoas que ficam.
Assim, a morte é um aspecto de grande significação para os grupos étnicos de África.
Pode-se dizer que para a grande maioria destes grupos, a morte é encarada como um aspecto intrínseco à vida como qualquer outro aspecto, daí que as cerimônias fúnebres, ou rituais feitos por alguns povos em volta dos seus mortos, carregam um profundo sentimento de conexão com a pessoa morta, isto de modo a justificar a continuação da pessoa em suas vidas, mesmo que só em espírito.
De uma maneira geral, esses grupos acreditam que a morte não é o fim, mas o começo de uma nova forma de vida, daí o contacto com seus mortos que falam através dos adivinhos e de outras personalidades místicas que têm a legitimidade de contactarem o além-mundo.
Por: David Lutango
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Fontes:
Sissimo, L. M. (2018). Análise da narratica de dois adolescentes angolanos acursados de feitiçaria. (Tese de Mestrado). Instituto das Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA).
Miguel, P. F. (1997). KIMBANDA. Guaritori e salute tra i bantu dell’Africa nera. Itália: Edistampa/Nuova Specie, Bari.
Montecúccolo, J. A. C. de. (1965). Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola (v. 2). Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar.
Milando, J. (2013). Desenvolvimento e resiliência social em África: Dinâmicas rurais de Cabinda-Angola. Luanda, Mayamba Editora; Imprensa Nacional de Angola.
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